domingo, 1 de agosto de 2010

O Preceito da Existência

A Lenda do Cavaleiro Sem Nome é uma parábola, um livro que deverá ser interpretado pela sua essência, independentemente do acto ficcional, convergindo sempre para o valor da mensagem a transmitir.

Há uma clara desmistificação do dogma da Vida, estabelecendo-se o princípio da Existência, que não é mais do que um estado latente ao qual acabamos, sempre, por regressar, consubstanciando a vinda à Terra um manifesto de aprendizado, orientado para o legado.

A narrativa está peculiarmente formatada, conduzindo o leitor através da alegoria, sem descurar o poder de um conteúdo pródigo em contrariar a suposta verdade absoluta.

3 comentários:

  1. E eis que surge a oportunidade de materializar a opinião sobre a singular “Lenda do Cavaleiro sem Nome”
     
    Embora o laço familiar acrescente um inevitável semblante de subjectividade à opinião que eu venha a expressar, o facto é que este foi o primeiro livro cuja leitura repeti (com prazer, mencione-se).
     
    Claramente, o conteúdo não foi escrito com o propósito de criar um artefacto comercial, capaz de reter o leitor na espiral de devoração de páginas a que os tão afamados “Best-Sellers” da moda nos vão habituando. Ao invés, à medida que o enredo vai progredindo, o leitor vai sendo confrontado com a necessidade de reflexão sobre a mensagem de fundo, transmitida de forma mais ou menos subliminar. A forma original como é abordado o conceito da existência, sobre o qual se criam registos dissertativos desde que há memória, traduz-se numa experiência enriquecedora, capaz de transportar o leitor para alguns estados de agradável meditação sobre a escala de prioridades que vamos estabelecendo ao longo da vida. Acrescem ainda alguns momentos verdadeiramente hilariantes, que espelhando algumas cenas do quotidiano popular Português, põem à prova o característico sentido de humor do Autor. Para mim, que leio regularmente, alternando entre estilos literários, valeu realmente a pena ter lido “A lenda do Cavaleiro sem Nome”.
     
    Mas não, não é um livro comercial, pelo que acaba por ser direccionado a um público mais restrito. Esta característica não me parece intencional, mas sim o reflexo de ter nascido como a materialização do sonho do Autor, o que não acontece com a maioria das publicações de sucesso no mercado, equacionadas de forma a comungar com os desejos do público-alvo. Não obstante, num Mundo onde quase tudo converge para a capitalização, só se chega onde chegou o Ricardo com muita determinação, espírito de sacrifício, coragem e acima de tudo, acreditando, acreditando que somos capazes de fazer a diferença.
     
    Parabéns Irmão!

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  2. Comentar este livro...

    É complexo, porque este não é um mero livro. É um livro bem divergente da concepção costumeira que pulula os expositores das livrarias.

    O que se pretende de um bom livro?. Que nos transmita e faça viver com gosto as experiencias variadas transmitidas pelo prazer da sua leitura.

    Tal é possível dentro de vários géneros de livros. E se um “Best Seller” tradicional o consegue pela sua simplicidade de escrita e dinâmica fazendo-nos devorar as páginas, e viver as experiências a grande ritmo, “A lenda do cavaleiro sem nome” não propicia as habituais volúpias da velocidade e simplicidade, fazendo-o de formas não tão costumeiras, tornando a experiência radicalmente desigual, mantendo-a acima de tudo prazenteira, sentida e vivida.

    A lenda do cavaleiro sem nome é um livro que sobre o qual é necessário reflectir. Viver cada momento. Sentir e explorar as palavras. Analisar e compreender a mensagem na sua total plenitude. Mas apesar desse objectivo excelso, o livro não deixa nunca de manter a jovialidade, sendo uma leitura tresmalhada dos padrões actualmente impostos, e que recomendo vivamente.

    Parabens “Primaço”.

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  3. Eis a principal razão da minha demora em produzir um comentário: A enorme dificuldade em conseguir exprimir o prazer que foi absorver esta obra-prima aliada ao receio da inevitável lacuna daquilo que pode ficar por dizer...
    Li o teu livro com tempo, não como quem come uma dessas comidas de plástico que todos designam pacificamente de "fast-food"! Sim li-o com uma atenção devota e uma concentração acrescida e embora houvessem momomentos em que me apeteceu ser mais rápido receei perder detalhes e prolonguei o gozo literário...
    Os muitos livros que vou lendo, aqueles que mais me marcam são em geral aqueles que me deixam uma mensagem com substância, que permanece. Os livros que me possibilitam seguir cada momento com a recriação das passagens, aqueles que conseguem reter a minha atenção e que, em geral, acabam sempre por passar uma mensagem forte, são os que acabo por eleger como "grandes". Conseguiste tudo isso nesta tua criação pelo que classifico de "grande" este teu primeiro livro.
    O desejo de escrever e publicar concretizou-se mas muito mais terás certamente para dar porque não se trata, a meu ver, do desejo pelo desejo, passa acima de tudo por uma responsabilidade intrínseca de dar um inestimável contributo ao legado que é a Literatura portuguesa.
    O teu livro prendeu-me, conseguiu elevar-me a um estado de auto-reflexão que muito valorizo e tudo isso através de uma parábola concebida numa escrita simultâneamente rica e leve, fresca!
    Parabéns e ficarei à espera de novas Obras editadas!
    Um sincero abraço.

    Leonel Cunha

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